“Se eu tivesse uma hora para resolver um problema e minha vida dependesse dessa solução, eu gastaria os primeiros 55 minutos determinando a pergunta adequada a ser feita, pois assim que souber a pergunta adequada, poderia resolver o problema em menos de cinco minutos” [Albert Einstein]
Mesmo sendo pessoas comuns, diferentes de Einstein, podemos nos beneficiar muito do bom uso de perguntas. Fazer perguntas é uma habilidade essencial que influencia a forma como obtemos informações, solucionamos problemas e interagimos com os outros.
Perguntar vai além de buscar as respostas que queremos. É um meio de estimular o pensamento crítico, promover a inovação, fortalecer relacionamentos e desenvolver pessoas. Este artigo explora os diferentes tipos de perguntas, oferece orientações sobre o que evitar ao perguntar e apresenta exemplos práticos para ilustrar a importância dessa competência.
O principal poder das perguntas é levar as pessoas a descobrirem suas próprias respostas e tornarem-se responsáveis por suas escolhas e ações. Neste sentido estimulam a criatividade e inovação na medida que ampliam a nossa visão, e a de quem está sendo perguntado, sobre temas importantes para ambos.
Quando pessoas do seu time lhe procuram para aconselhamento e você utiliza perguntas para explorar o desafio em questão, estará promovendo empoderamento, conscietização, insights e novas ideias. Perguntar contribui para conversas mais significativas, o que ajuda a pessoa liderada no seu desenvolvimento, gera protagonismo e responsabilização.
TIPOS DE PERGUNTAS
Existem varios tipos de pergunta e destacamos algumas aqui:
1. Perguntas Abertas
Perguntas abertas são projetadas para ampliar visões e possibilidades. Elas encorajam o diálogo, permitindo que o interlocutor expresse seus pensamentos e sentimentos de maneira mais aberta. Esse tipo de pergunta é essencial para entender profundamente uma situação ou para fomentar discussões mais significativas
Exemplo: "Como você descreveria a experiência que teve com o novo sistema de gestão?"
Benefício: Elas oferecem insights abrangentes e revelam nuances que perguntas fechadas não capturam.
2. Perguntas Fechadas
Perguntas fechadas, são aquelas que podem ser respondidas com um "sim" ou "não", ou "isso" ou "aquilo". São úteis para obter confirmações rápidas ou informações precisas.
Exemplo: "Você completou o relatório mensal?"
Benefício: Elas são eficazes quando o objetivo é confirmar e validar
3. Perguntas de Exploração
Essas perguntas buscam aprofundar a compreensão de um tema específico e explorar mais detalhes sobre um tópico. Elas ajudam a identificar problemas e oportunidades que podem não ser imediatamente evidentes.
Exemplo: "Quais foram os principais desafios enfrentados durante a implementação deste projeto?"
Benefício: Elas fornecem uma visão mais detalhada e permitem uma análise mais profunda das situações e de como a pessoa pode estar lidando com ela.
4. Perguntas Reflexivas
Perguntas reflexivas incentivam a autoavaliação e a consideração pessoal sobre experiências pessoais e suas implicações futuras. Elas são úteis para promover a introspecção e o aprendizado contínuo. Muitas vezes, são difíceis de responder e podem gerar silêncio, uma vez que a pessoa precisa pensar sobre algo que nunca refletiu.
Exemplo: "O que você aprendeu sobre si mesmo nesta experiência?"
Benefício: Elas ajudam a integrar o ser e o fazer.
5. Perguntas Focadas
Após explorar uma questão e refletir sobre ela, podemos utilizar as perguntas focadas para levar o interlocutor para o aprendizado e para a ação
Exemplo: "De tudo que falamos hoje, o que foi mais útil para você?"
Benefício: Elas dão sentido ao diálogo e podem ser usadas no fechamento das conversas.
Transformando perguntas abertas em perguntas sistêmicas:
Quanto melhor a qualidade das suas perguntas, maior o potencial de gerar reflexão e mudanças efetivas. Veja no exemplo abaixo como uma pergunta aberta pode evoluir considerando o mesmo tema em questão:
Negativa: Por que você não tem tempo suficiente? (leva a justificar, explicar o problema) Fechada: Há alguma maneira de criar mais tempo? (sim/não) Aberta: Como posso criar mais tempo para mim? Mais aberta ainda: De que maneiras eu poderia criar mais tempo para mim? Focada: Quais poderiam ser as melhores formas de criar mais tempo para mim? Perguntas Sistêmicas: Como posso maximizar o uso do tempo, todos os dias de minha vida?
Algumas ideias para potencializar suas perguntas:
1- Usar a palavra poderia:
Como você poderia aprender ainda mais?
Como você poderia encontrar ainda mais valor nessa atividade? Quem poderia te apoiar nessa atividade?
2- Fazer perguntas no plural:
Quais são as possíveis maneiras de aprender mais?
Quais são os resultados que você quer obter dessa experiência? Quais são as outras formas de aprender sobre isso no futuro?
3- Adicionar palavras como a melhor, a mais importante:
Quais são algumas das melhores coisas que você pode aprender dessa experiência?
Quais são as coisas mais importantes para considerar ao escolher esse caminho de carreira?
4- Explore os verbos que criam movimento: desenvolver, inspirar, crescer, aprender, criar:
Quais são as melhores maneiras de desenvolver essas competências?
Como você poderia começar a aprender ainda mais sobre esse método de perguntas?
5- Explorar o sistema de pensamento.
Exemplos de um sistema mais amplo: sua vida inteira, seu corpo, sua família, seus vizinhos, sua cidade, seu país, em uma escala numérica (1-10).
Qual seria o melhor resultado se você pudesse escolher em uma escala de alternativas de 1 a 10, sendo 10 a melhor?
O que devemos evitar ao fazer perguntas
Perguntas mal formuladas e com intenções duvidosas, podem levar a mal-entendidos ou até mesmo conflitos. Aqui estão alguns cuidados a serem tomados:
1. Perguntas Retóricas
Perguntas retóricas são aquelas que expressam uma opnião e/ou juízo de valor sobre algo ou alguém. É aquela que está buscando reforçar um ponto e não uma resposta.
Exemplo: "Você não acha que a decisão foi um erro?"
2. Perguntas Empilhadas
Empilhamos perguntas quando perguntamos varias coisas ao mesmo tempo. O ideal é fazer uma pergunta de cada vez e aguardar em silêncio.
Exemplo: "Pode me falar sobre o projeto?" e "Como você acha que as pessoas se sentiram na reunião"? e "Como posso te ajudar nisso?"
3. Perguntar e não ouvir a resposta
É bem comum perguntarmos, e por conta das distrações ou por achar já sabe a resposta, simplesmente não ouvimos. Isso pode levar a uma perda de confiança e desengajamento. Quando acontecer, peça desculpas, reconheça que se distraiu e volte para o foco.
4. Preencher o silêncio
Quando fazemos uma pergunta, é importante dar espaço para que a pessoa possa pensar sobre o que foi perguntado. Quando existe silêncio, é possivel que sua pergunta tenha acessado novas formas de pensar. Ajude a normalizar o "não sei responder". Afinal, qual é a vantagem de perguntar o que as pessoas já sabem, principalmente quando o foco é desenvolver o indivíduo?
Vamos praticar?
Que tal registrar as perguntas que você fizer na próxima conversa com uma das pessoas que lidera? Reflita sobre o que fez bem e o que poderia ser melhor. Transforme as perguntas abertas em ainda mais abertas e reescreva novas versões de suas perguntas.
Texto inspirado no capítulo 4: “Turning on the Tap: The Magic of Open-Ended Questions.”do Livro Step-by-Step Coaching – Marityn Atkinson, PhD e Rae T Chois.
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